Os probióticos têm sido amplamente estudados como uma opção de tratamento para a síndrome do intestino irritável (SII), uma condição que afeta cerca de 5% da população mundial, causando dor abdominal, alterações no hábito intestinal e impacto na qualidade de vida. Uma revisão sistemática e meta-análise publicada na Gastroenterology em novembro de 2023, conduzida por Goodoory et al., analisou 82 estudos com mais de 10 mil pacientes e apontou que os probióticos podem ser benéficos em alguns casos, especialmente para aliviar sintomas como dor abdominal e distensão.
Algumas cepas, como as de Bifidobacterium e Lactobacillus, mostraram potencial em reduzir os sintomas globais da SII. Em particular, Lactobacillus plantarum 299V apresentou melhora moderada. Combinações probióticas, como LacClean Gold S e Duolac 7s, também foram avaliadas, mas a certeza das evidências sobre seus benefícios é baixa ou muito baixa, dependendo da cepa ou combinação analisada. Para pacientes com SII predominante de diarreia, os resultados foram mais consistentes, enquanto para aqueles com constipação, as evidências de benefício foram limitadas.
A American College of Gastroenterology (ACG) reconhece o potencial dos probióticos como parte do manejo da SII, mas reforça que a escolha da cepa deve ser feita com cuidado, dado que a eficácia pode variar bastante. Além disso, a duração dos estudos foi relativamente curta, o que dificulta avaliar o impacto a longo prazo em uma condição crônica como a SII.
Apesar de os probióticos serem considerados seguros, os especialistas ressaltam a necessidade de mais pesquisas rigorosas para identificar quais cepas ou combinações são mais eficazes e estabelecer diretrizes claras para o uso no tratamento da SII. Em resumo, enquanto os probióticos podem ser uma alternativa promissora, é fundamental que sua escolha seja orientada por um profissional de saúde, levando em conta o perfil individual de cada paciente.
Quais são os probióticos mais utilizados?
Os probióticos mais comumente utilizados pertencem principalmente aos seguintes gêneros:
- Lactobacillus
- Bifidobacterium
- Saccharomyces
- Enterococcus
- Streptococcus
Espécies específicas de destaque
Entre as espécies mais estudadas e utilizadas, destacam-se:
- Lactobacillus rhamnosus
- Bifidobacterium longum
- Saccharomyces boulardii
- Streptococcus thermophilus
Esses probióticos têm sido amplamente investigados devido aos seus potenciais benefícios à saúde, que incluem:
- Modulação da microbiota intestinal;
- Prevenção de diarreias associadas ao uso de antibióticos;
- Melhora dos sintomas da síndrome do intestino irritável (SII).
A especificidade das cepas
A literatura médica destaca que a eficácia dos probióticos é frequentemente específica de cepa. Isso significa que diferentes cepas dentro do mesmo gênero podem ter efeitos distintos. Assim, a seleção de probióticos para uso clínico deve ser feita com base nas evidências disponíveis sobre a eficácia de cada cepa e sua indicação terapêutica.
Por isso, é essencial que o uso de probióticos seja orientado por um profissional de saúde, garantindo que a escolha seja adequada às necessidades de cada paciente.
Quando é necessário tomar probiótico?
A decisão de utilizar probióticos no tratamento da síndrome do intestino irritável (SII) deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa das evidências disponíveis e das características individuais do paciente. De acordo com a literatura médica, alguns probióticos, como certas cepas de Bifidobacterium e Lactobacillus, podem oferecer benefícios na redução de sintomas como dor abdominal e distensão.[1-2] No entanto, a eficácia dos probióticos pode variar significativamente dependendo da cepa específica, da dose e da duração do tratamento.
As diretrizes clínicas, como as da American College of Gastroenterology (ACG), sugerem que, embora os probióticos possam ter um papel terapêutico na SII, a evidência é de baixa a muito baixa certeza para muitas cepas e combinações. Além disso, a American Gastroenterological Association (AGA) recomenda o uso de probióticos apenas no contexto de ensaios clínicos, devido à variabilidade nos resultados dos estudos e à falta de padronização.
Portanto, a utilização de probióticos pode ser considerada em pacientes com SII que não respondem adequadamente a outras intervenções, mas deve ser feita com cautela e, preferencialmente, no contexto de um ensaio clínico ou sob supervisão médica rigorosa. Mais pesquisas são necessárias para determinar quais cepas ou combinações são mais eficazes e para estabelecer diretrizes claras para seu uso na prática clínica.
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